Para
o bem ou para o mal, tudo indica que o capitalismo está lentamente
vencendo a sua longa luta contra o comunismo e o socialismo.
Não que o capitalismo seja superior, mas parece que seus defeitos
são menores. Antes que se pule de alegria é bom lembrar que
não se venceu a luta contra a miséria e as injustiças sociais,
os grandes objetivos
do socialismo. Muito pelo contrário.
As 500 maiores empresas brasileiras gastam anualmente 2,8
bilhões de dólares em segurança patrimonial e 18 milhões de
dólares por mês em filantropia. Algo está muito errado nesta
proporção, e salta aos olhos que se as 500 maiores aumentassem
o seu envolvimento social, conseguiriam reduzir os seus custos
de segurança.
Precisamos
achar meios para aprimorar o capitalismo em vez de passarmos
por uma revolução para substituí-lo. Mas como? De que forma?
O capitalismo se provou muito competente para produzir bens
e serviços que os consumidores querem. Se houver um desejo
insatisfeito no mercado, algum empreendedor irá se mexer para
provê-lo. O que o capitalismo não sabe fazer ainda é produzir
bens e serviços de que as pessoas precisam. Não há segredo
em vender frangos barato entupindo-os de hormônios ou morangos
saborosos, com agrotóxicos. A indústria automobilística colocou
airbags nos carros por determinação do governo americano,
porque há dez anos atrás o consumidor não queria.As TVs e
os anunciantes se digladiam para mostrar o grotesco e o pornográfico,
assuntos que o povo quer mas de que não necessariamente precisa.
Alguns
empresários, porém, estão lentamente mudando esta situação.
Estão gastando tempo, recursos organizacionais e dinheiro
em atividades beneficentes e filantrópicas simplesmente porque
acreditam que as empresas precisam produzir também bens que
a sociedade requer. Surge uma nova geração de empresários
brasileiros como Guilherme Leal, Ricardo Young, Sérgio Amoroso,
Norberto Pascoal, entre outros, que estão gastando mais do
que 5% do seu tempo, lucro e recursos organizacionais para
oferecer o que eles acreditam que a sociedade precisa. Fazem
parte de uma nova geração de empresários que está transformando
um capitalismo de resultados em um capitalismo de benefícios.
Um
outro grupo de empreendimento vai além, devota 100% de suas
energias, dinheiro e organização para produzir o que a sociedade
precisa. São entidades beneficentes, que ao longo destes anos
adquiriram competência e técnicas organizacionais que seriam
de muita valia para as empresas.
Quão
mais fácil seria, por exemplo, para os Alcoólatras Anônimos
vender pinga a seus associados, do que a abstinência ? Quão
mais fácil seria colocar um outdoor vendendo bebida com mulheres
sensuais do que angariar fundos filantrópicos ? Quão mais
fácil seria para a Igreja Católica ceder às pressões de mudança,
oferecendo o que os fiéis querem, do que se manter leal aos
seus dogmas e insistir em oferecer o que ela acha que os fiéis
precisam, custe o que custar ?
Conseguirão
os empresários obter lucro ofertando o que o consumidor precisa
? Conseguirão obter lucro vendendo frangos sem hormônios,
sorvetes sem aditivos químicos e morangos sem agrotóxicos
? Várias experiências mostram que sim. A Superbom, empresa
dirigida pela Igreja Adventista consegue ser rentável apesar
de produzir sucos dentro de processos naturalistas.
Tornar
o capitalismo mais responsável já não parece uma tarefa impossível
e existem vários grupos agindo neste sentido sem ter que passar
pelo traumático processo de derrubar o sistema vigente.
Em
26 de maio de 1998, 50 entidades beneficentes receberam, merecidamente,
o Prêmio Bem Eficiente de 1998 pela sua competência, liderança
e exemplo, provando que existem soluções para os problemas
sociais. Essas e as demais entidades são a semente para um
novo tipo de capitalismo voltado para suprir a sociedade com
o que ela precisa e não necessariamente com o que ela quer.
Recent Comments